
“Palavras. Era delas que ela precisava. Naquela tarde, era um ser incapaz de verbalizar tudo aquilo que necessitava dizer. Já não era a primeira vez que aquilo tudo acontecia, e ela se sentia cada vez mais patética, por não conseguir, ao menos, cumprir a promessa que tinha feito a si mesma.Ela sentia pavor, estava assustada e lágrimas frias e melancólicas escorriam por sua face. Maldita mania de engolir sentimentos quando se deve vomitá-los. Ainda assim, o medo a engolia por inteiro, como se viesse por dentro de sua pele e se alimentasse de suas vísceras.Ela dizia a si mesma que se acalmasse. Tentava não chorar e convencer a si mesma de que tudo estava bem. Dizem que mentir a si mesmo é sempre a pior mentira, mas ela apenas não se importava.O medo, afinal, era de perdê-lo. Doía cada parte de sua alma só de pensar em perdê-lo. De novo. Respirava fundo, e a cada aspiração, faltava-lhe o ar. Porque, mesmo que ela não dissesse ou demonstrasse, ela se importava. Estava disposta a tudo pela pessoa que agora a olhava de relance. Tinha plena certeza de que se ele precisasse de seu coração, ela o arrancaria de dentro de si, para fazê-lo reviver.Maldita falta de palavras quando você mais precisa delas. Maldita falta de coragem. Maldito pavor que a corroía. Tudo isso aliado ao fato de que ele tinha mudado. Buscava cada vez mais profundamente o ar para respirar, e era como se estivesse se afogando, sem chance de voltar. Onde estava a paz que alimentava seu coração algum tempo atrás?Sim, ele tinha mudado. E se mudasse mais, a esqueceria, esta era uma verdade incontestável. E era isso que esmagava seu coração. Ela só conseguia repetir em sua mente as palavras dele “Eu mudei. Já não é tudo mais como há algum tempo. Eu já não preciso mais tanto do que eu precisava antes” e era como se tudo fosse apenas um claro eufemismo para um “Eu já não te amo mais”.Ela era só uma menininha perdida, com um amor absurdo, procurando uma maneira de se encontrar. E só conseguia se sentir cada vez mais inútil, mais patética. Ela precisava de soluções. E de palavras ..”
Thaynara Araujo.